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MERCEMIRO OLIVEIRA SILVA

( Minas Gerais – Brasil )

Poeta, ferroviário, professor, advogado aposentado.

Membro da Academia Divinopolitana de Letras, cadeira 21.
Patrono Guilherme de Almeida.

 

ANTOLOGIA ADL DO DIV.100 CINQUENT(CEN)TENÁRIO.  Organizador Mercemiro Oliveira Silva.  Divinópolis, MG: Academia Divinopolitana de Letras, 2012.  156 p.   Ex. bibl. Antonio Miranda

 

Canto a Divinópolis

Queria cantar-te um canto, ó Cidade
mas não canto um hino de ufania,
senão o cromo mais singelo
para dizer que te amo, Princesa
do Oeste, capital, cidade-oficina
que não me viu nascer. Acolheste-me

Aqui cheguei, menestrel itinerante
não para ficar; mas adotado, fiquei
cidade amiga, povo bom e hospitaleiro
fiz-me cidadão, plantei raízes
Pátria é onde se enterram os pais
e onde são criados os filhos

Teu nome é trabalho, cidade-oficina
mas posso chamar-te cidade-educativa
que me abriu as portas da universidade
teu nome é artes, é música, dança, literatura
teus filhos ornam cada campo da cultura
cidade-literária, musical, cênica

Os nomes de teus filhos, natos ou não
São, também, ícones das artes visuais
escultores, modeladores, pintores
criatividade é o `jeito divinopolitano´
da adaptação na sequência: ferrovia
metalurgia, confecções, diversificações

Sua primeira universidade,  Divina-Pólis,
a Oficina Ferroviária, que milagre lhe fez
porque nunca lhe foi um encomendado
e ferroviários quase milagreiros
teceram o progresso, moldaram a história
desde sempre permeando a comunidade

O espírito hospitaleiro dos nativos
conquista os que vêm a acabam ficando
na Divina, não se conhecem forasteiros
todos temos o mesmo espírito
sejamos, alguns, naturais da terra ou
sejamos, outros, divinopolitanos por adoção

Queria cantar-te um canto, Cidade Centenária
acompanhado ao som do alaúde
uma ode anacreôntica, um canto decente
de cantar o amor, os prazeres e o vinho
ou cantá-la-ia, dedilhando as cordas da lira
se eu fosse de verdade um menestrel.
 

 

Cachoeira Grande

Sentado à beira do Bracinho, o observador se encanta
— seria o Tonho Olímpio? — com a visão da Cachoeira
enquanto a hipnótica música das águas convida ao sonho
sonha a futura metrópole da Terra do Divino
Por sobre a espuma branca
numerosos peixinhos voam em lindo coruscar de prata
lá no alto, um dourado, travestido de golfinho
exibe-se em saltos acrobáticos, lançando
rápidos reflexos de lantejoulas de ouro incandescido

A mata próxima oferece oxigênio para renovar o ar
e ouvem-se sons da mata, o gemer da juriti, o canto da
acauã
e a algazarra das maitacas e das araris morenas
e o repouso da vista está nos diversos tons de verde
pintalgado da florescência dos ipês, amarelo, rosa e branco

Ao alcance da vista, estavam as itapecericas do vau
mas dinamitaram-nas, transformaram-nas em brita
olhos do passado puderam vê-las; os do presente as
imaginaram
embalados pelos sons da ferrovia, ninguém entendeu
o canhoneio que destruiu o caminho das pedras lisas

 

Perdemos as itapecericas, mas ficaram as cachoeiras —
as duas, a Cachoeira Grandes e a Cachoeira do Bracinho
pena que os divinopolitanos inda deem as costa para
seu maior tesouro, a beleza das duas cachoeiras.

 

*

 

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Página publicada em novembro de 2021

 

 

 


 

 

 
 
 
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